Essa cidade tão plural, com influências tão diversificadas por toda parte, não poderia ter uma história menos interessante. Vamos dar uma pinceladinha nos principais fatos históricos para que você possa ter uma ideia de como se desenhou o Rio de Janeiro.

PERÍODO PRÉ COLONIAL E COLONIAL

Os primeiros europeus aventureiros a chegarem por aqui vieram em uma nau portuguesa, em janeiro de 1502. Eles acreditavam terem chegado à foz de um rio quando adentraram na Baía de Guanabara, e nomearam o local de Rio de Janeiro.

Aqui, encontraram os índios Tupinambás, que já habitavam nessas terras há milênios. Contudo, foram os franceses que primeiro se estabeleceram na região e viviam competindo com os portugueses no comércio madeireiro, o que instaurou uma guerra que só teve fim em 1567. Portugal consegue expulsar os franceses dois anos após a fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, no dia 1º de março de 1565.

Graças à sua posição privilegiada na Baía de Guanabara, o Rio de Janeiro desenvolveu-se como uma importante zona portuária e comercial para a região, aumentando gradativamente a sua ocupação, população e urbanização.

A CAPITAL DA COLÔNIA

No fim do século XVII e no decorrer do século XVIII, com a descoberta do ouro em Minas Gerais, o Rio de Janeiro se transformou no principal porto de escoamento de metais brasileiros para a Europa, fazendo com que a capital da colônia passasse de Salvador para cá no dia 31 de agosto de 1763 (permanecendo com este título até 1960). Porém, até então, apesar de terem sido construídas muitas igrejas e da população ter aumentado expressivamente neste período, o Rio de Janeiro ainda não tinha apresentava uma estrutura urbana muito significativa. Imagine como se fosse um grande mercado popular cercado por fazendas e igrejas. As instituições de ensino ou segurança ainda não existiam, tampouco a cultura era desenvolvida.

Não apenas o ouro era de suma importância para os portos do Rio de Janeiro, mas também o comércio de escravos. O Rio foi uma das principais portas de entrada dos navios negreiros: estima-se que entre 3 e 4 milhões de africanos chegaram à América do Sul por aqui, principalmente neste período. Esta relação intensa com os africanos transformará profundamente as estruturas sociais da cidade, cujas marcas podem ser vistas até hoje não apenas nas ruínas, mas também na formação populacional e na cultura, sobretudo nas comunidades.

PERÍODO IMPERIAL

Por aqui, no final do século XVIII, a vida vai seguindo. O Rio é a capital do Brasil, o comércio de escravos ainda em alta, o ciclo do ouro já em declínio, a cana-de-açúcar já não era mais tão valiosa, a colônia começa, aos poucos, a investir no café.

Enquanto isso, em Portugal, assustados com a iminência dos ataques de Napoleão, a família Real portuguesa decide vir passar uns tempos no Brasil, e isso muda o rumo da nossa história. Para receber a coroa portuguesa, o Rio de Janeiro precisaria se estruturar. Por conta disso, construíram-se diversas igrejas e palácios e foram criadas instituições como a Academia Militar, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, o Banco do Brasil e a Escola de Belas Artes, além da Biblioteca Nacional e o Jardim Botânico. O Brasil eleva seu status de colônia para Reino Unido a Portugal e Algarves, e o Rio de Janeiro tornou-se a única cidade no mundo a ser sede de um império europeu fora da Europa. Surgem linhas férreas, indústrias, iluminação a gás e a cidade começa a tomar forma.

PERÍODO PÓS COLONIAL E REFORMAS URBANAS

Com toda essa movimentação de gente da realeza e construção de instituições, não tardou para o Brasil declarar sua independência (em 1822), abolir a escravidão (em 1888) e proclamar a República (em 1889).

A cidade havia crescido bastante, no final do século XIX, contava com mais de oitocentos mil habitantes e diversos problemas habitacionais e de emprego, além das crises sanitárias, com constantes epidemias de varíola, tuberculose e febre amarela. A cidade era suja, doente, e cheirava mal.

O primeiro prefeito a prever um planejamento urbano para o Rio foi Pereira Passos, que assumiu o posto em 1903 e, em 1908, por conta da celebração dos cem anos da vinda da família Real portuguesa, resolve reformar a cidade. Ele inaugura o Theatro Municipal, Biblioteca Nacional e o Museu de Belas Artes, além de uma nova zona portuária, avenidas, parques e passeios públicos. Para realizar tudo isso, ele age através do polêmico desmonte de morros do entorno do atual Centro do Rio, demolindo centenas de casas, levando a população pobre a viver nos subúrbios e intensificando o processo de favelização.

A desigualdade social se torna cada vez mais evidente: por um lado, a beleza, o luxo e a sofisticação das novas construções inspiradas em Paris; por outro o nascimento de um Rio resiliente e resistente, que brotou na favela por falta de opção, e, dessa relação dicotômica, fez crescer uma identidade cultural ímpar no mundo.

Aqui o Rio se parece um pouco mais com a cidade que a gente conhece e começa a desenvolver a sua configuração atual. Inúmeras outras histórias vão se ramificando a partir deste tronco central, tecendo esse caldeirão de culturas, influências e relações, nesta cidade tão diversificada que tem a desigualdade e a pluralidade como características, e consegue ainda ser encantadora na mesma proporção.
Os capítulos tão diferentes dessa mesma história estão ilustrados nas ruas, nos bairros e no povo do Rio de Janeiro, que espera por você para desvendá-la.

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